O Brasil começou dezembro de 2025 com uma notícia econômica que traz alívio tanto para a população quanto para gestores públicos: a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 0,18% em novembro, um resultado inferior às expectativas do mercado e que coloca o acumulado dos últimos 12 meses dentro do intervalo de meta estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
Os dados oficiais divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o IPCA acumulado em 12 meses atingiu 4,46%, abaixo do limite superior da meta de inflação (4,5%) e também inferior ao índice observado em outubro (4,68%).
O resultado surpreendente tem impacto direto nas finanças municipais, especialmente no planejamento orçamentário e na manutenção de serviços públicos essenciais. A Confederação Nacional de Municípios (CNM), que monitora mensalmente a inflação por meio de seu Informativo de Inflação, destaca que o fenômeno contribui para maior previsibilidade dos custos, sobretudo em momentos de restrição de recursos.
Para prefeitos e secretários de Fazenda, um indicador de preços mais comportado significa, entre outros benefícios:
Reforço do poder de compra dos recursos municipais, visto que despesas como alimentação, materiais de consumo e combustíveis podem sofrer menor pressão de aumento;
Maior precisão nas projeções de receita e despesas durante a elaboração de leis orçamentárias e planos plurianuais;
Ambiente mais favorável para investimentos públicos e contratos de longo prazo.
Segundo o levantamento do IBGE, dos nove grupos que compõem o IPCA:
Principais altas mensais:
-Despesas pessoais: +0,77%
-Habitação: +0,52%
-Vestuário: +0,49%
-Transportes: +0,22%
-Educação: +0,01%
Contribuições negativas (redução dos preços):
Artigos de residência: -1,00%
Comunicação: -0,20%
Alimentação e bebidas: -0,01%
(Este último grupo, sensível para o orçamento familiar, apresentou queda pela primeira vez em meses e aliviou parte da pressão sobre o índice)
Especialistas destacam que itens como tomate, leite longa vida e arroz tiveram quedas expressivas no preço, influenciando diretamente a redução do grupo “Alimentação e bebidas”.
A melhora inesperada nos números de inflação ocorre em um contexto econômico ainda desafiador: embora o IPCA esteja dentro da meta, o Banco Central manteve a taxa básica de juros (Selic) em patamares historicamente altos, apontando que continuará vigilante quanto às pressões de preço e expectativas inflacionárias.
Reuters
No nível municipal, esta combinação, inflação controlada e juros estáveis, pode significar condições mais seguras para o planejamento dos gastos públicos em 2026, especialmente para despesas com contratos, investimentos e programas sociais.
Além disso, a continuidade da inflação dentro do teto do regime de metas pode reduzir a necessidade de revisões orçamentárias de emergência, algo que tradicionalmente representa risco para a execução dos planos municipais.
Gestores públicos ainda observam com cautela se essa tendência de inflação mais baixa se manterá nos próximos meses, especialmente diante de possíveis pressões em itens voláteis como energia e transportes. O acompanhamento mensal feito pela CNM será instrumento essencial para orientar decisões e evitar riscos à sustentabilidade fiscal municipal.
Fontes
-CMN
-CNM
-IBGE
-Secom/Gov.br
-Serviços e Informações do Brasil
-Dados históricos e série do IPCA

