No último domingo (2 de novembro de 2025), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve na comunidade de Jamaraquá, na Floresta Nacional do Tapajós (Flona do Tapajós), no oeste do Pará, para uma roda de conversa com mais de mil famílias de ribeirinhos e extrativistas. A visita integra a preparação para a 30ª edição da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), marcada para ocorrer de 10 a 21 de novembro em Belém (PA).
Durante o encontro, Lula declarou que essa COP30 “é um momento único na história do Brasil” porque “vamos obrigar o mundo a olhar a Amazônia com os olhos que deve olhar”.
Ele enfatizou que não basta pedir para a floresta “ficar em pé”: é preciso dar sustentação econômica, educacional e de saúde às pessoas que nela vivem.
Importância simbólica e estratégica
A escolha de sediar a COP30 na Amazônia não é acaso. Lula já afirmou que “quando oferecemos o Brasil para sediar a COP30, sabíamos que teria de ser na Amazônia”.
Em entrevista à imprensa local, o presidente destacou que o evento oferecerá legado para Belém e para o Pará: “Estamos fazendo um investimento de praticamente R$ 6 bilhões na cidade (…) e, quando o evento terminar, as obras vão ficar. É o povo que vai tirar proveito”.
Além do legado físico, Lula insiste que a COP30 será “a COP da verdade”, uma conferência em que os discursos devem se converter em resultados e não apenas em promessas.
Desafios e tensões presentes
Apesar do entusiasmo, o plano enfrenta contradições e alertas de especialistas:
O presidente de fato cobra que países desenvolvidos honrem promessas de financiamento climático e que submetam metas claras de redução de emissões.
Simultaneamente, o Brasil defende a soberania sobre seu território amazônico e afirma que proteger a floresta demanda respeitar os povos tradicionais, dar-lhes direitos e oportunidades.
Por outro lado, organizações ambientais questionam se as ações previstas serão suficientes e se o modelo de desenvolvimento oferecido à Amazônia será compatível com os compromissos climáticos globais. Um exemplo é a crítica ao apoio a exploração de petróleo na Amazônia, que pode contradizer as metas de desmatamento e emissões.
O que está em jogo para gestores públicos
Para governantes municipais e regionais, a COP30 deverá trazer implicações práticas:
Visibilidade internacional: comunidades e políticas da Amazônia entram no foco global, o que pode abrir linhas de financiamento, cooperação técnica e parcerias internacionais.
Demandas de gestão integrada: a floresta em pé depende de saúde, educação, infraestrutura, bioeconomia, não apenas da fiscalização ambiental. Isso exige políticas municipais que conversem entre educação, saúde, turismo, meio ambiente.
Responsabilização e metas concretas: o discurso da “COP da verdade” acentua que será cobrada dos países e comunidades metas claras. Municípios podem precisar acompanhar indicadores de desmatamento, uso sustentável, inclusão social.
Oportunidade de inovação local: regiões como Jamaraquá, que já praticam turismo de base comunitária e biojóias, oferecem modelos replicáveis para políticas municipais de desenvolvimento sustentável, aproveitando a proximidade com a floresta e as comunidades tradicionais.
Caminho à frente
Com pouco mais de uma semana para o início da COP30, o foco está em finalizar a infraestrutura, garantir participação efetiva de populações tradicionais e preparar o debate internacional. A meta declarada pelo governo brasileiro inclui manter a floresta em pé e retribuir isso com qualidade de vida às comunidades da Amazônia.
Cabe aos gestores públicos adotar esse momento como gatilho para integrar políticas locais de meio ambiente, desenvolvimento e inclusão social, garantindo que o “novo olhar para a Amazônia” não seja apenas simbólico, mas transforme realidades.
Fontes
Agência Brasil. “Lula: COP30 fará o mundo olhar de uma forma diferente para a Amazônia”.
Agência Gov (Planalto). “Lula defende sustentação econômica para quem toma conta das florestas em visita à comunidade no PA.
Terra. “Lula diz que mundo precisa contribuir em vez de só ‘pedir para deixar a floresta em pé’”, reportagem de Flávia Said.

