Brasil dispensará o horário de verão em 2025, garante ministro, e a decisão reacende debates sobre matriz energética e modicidade tarifária

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06/12/2022 REUTERS/Adriano Machado

Na manhã desta terça-feira (14/10), o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, declarou, em entrevista ao programa Bom Dia, Ministro, que o governo está “completamente seguro” de que o país não precisará retomar o horário de verão em 2025. A afirmação coloca fim, ao menos por ora, à especulação de que a medida seria reintroduzida para aliviar a ponta elétrica durante o período mais quente do ano.

Silveira justificou a posição com base no planejamento do setor elétrico e no comportamento hidrológico dos últimos anos:

“Chegamos à conclusão que, graças ao planejamento e ao índice pluvial dos últimos anos, estamos em condição de segurança energética completa e absoluta para este ano.”

Segundo ele, o país dispõe de uma estrutura energética robusta que combina hidrelétricas, térmicas e fontes renováveis, e o governo já prepara leilões de usinas térmicas e de baterias para tornar o sistema mais resiliente.

Para Silveira, a intermitência das energias solar e eólica impõe à gestão energética a busca de mecanismos de armazenamento, “vamos literalmente armazenar vento”, disse o ministro, explicando que baterias permitirão usar a energia solar até por volta das 22 h. Ele citou o apagão ocorrido recentemente na Península Ibérica como exemplo de que instabilidades derivadas da intermitência são desafios globais, não exclusivos do Brasil.

Contexto: de especulação à negação formal

A discussão sobre uma possível retomada do horário de verão vem ganhando força desde meados de 2025. Diversos veículos noticiaram que o governo considerava reintroduzir a medida para enfrentar a pressão sobre o sistema elétrico nos horários de pico ao entardecer. O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) chegou a indicar em seu Plano de Operação Energética (PEN 2025) que medidas adicionais poderiam ser necessárias para garantir a segurança do fornecimento.

Contudo, até o momento não existe decreto oficial confirmando a adoção do horário de verão. O governo afirma que o tema “é permanentemente avaliado”, mas que, neste ano, as condições energéticas não justificam a medida. Em comunicado de checagem, a Secretaria de Comunicação da Presidência reforçou que o Brasil não adotou o horário de verão para 2025, embora siga monitorando o tema.

As variáveis que pesam na decisão

  1. Hidrologia e reservas hídricas

A estabilidade no nível dos reservatórios das hidrelétricas tem sido apresentada como ponto favorável à manutenção do status atual. Em cenário de chuvas regulares, as usinas hidráulicas conseguem atender à demanda sem pressões críticas.

  1. Demanda energética e o efeito das fontes renováveis

Com o avanço da geração solar e eólica, cresce a participação das fontes intermitentes na matriz elétrica brasileira. Isso exige ajustes operacionais para garantir estabilidade quando essas fontes não estiverem disponíveis. Nesse contexto, especialistas apontam que o horário de verão perdeu parte de sua eficácia, já que os padrões de consumo mudaram e o pico de uso de energia não coincide mais com a iluminação natural.

  1. Modicidade tarifária

A modicidade tarifária, ou seja, a manutenção de tarifas justas e acessíveis, é uma das bandeiras do governo. Segundo o Ministério de Minas e Energia, o planejamento do setor tem assegurado o atendimento da demanda sem necessidade de recorrer ao horário de verão, evitando custos adicionais ao consumidor.

  1. Aspectos sociais e de saúde

A mudança de horário provoca impactos no sono e na rotina de parte da população. Especialistas em saúde alertam que a adaptação biológica ao novo horário pode afetar o rendimento e o bem-estar, especialmente em crianças e idosos. Além disso, a mudança exige ajustes em sistemas de transporte, bancos e serviços públicos, o que também tem custo operacional.

O espectro do futuro: 2026 e além

Embora o ministro tenha descartado a adoção do horário de verão em 2025, ele deixou em aberto a possibilidade de reavaliação em anos posteriores, caso as condições climáticas ou de oferta energética se alterem.

A continuidade das análises mensais pelo Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) será central para acompanhar todos os fatores envolvidos, hidrologia, comportamento de consumo, capacidade de armazenamento e geração distribuída.

Para o Brasil, a discussão sobre o horário de verão transcende o simples ajuste nos relógios: é um debate estratégico sobre como equilibrar segurança energética, sustentabilidade, custo e qualidade de vida da população.

Fontes

Agência Brasil — “Não precisaremos do horário de verão neste ano, diz Alexandre Silveira”, 14/10/2025.

Gov.br — “Governo do Brasil não adotou horário de verão em 2025”, Secretaria de Comunicação da Presidência.

CNN Brasil — “Horário de verão vai voltar? Veja o que diz o governo”, 2025.

G1 — “Entenda por que o horário de verão não deve retornar este ano”, 2025.

Diário do Comércio — “Horário de verão 2025: veja como será feito no Brasil”, 2025.

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